den raum zu betreten war wie einen schwarzweißfilm das erste mal in farbe zu sehen
nasci em 1975 na RDA. quando entrei na puberdade a RDA foi se embora e a minha nova pátria chamava-se RFA. de um dia para outro tudo mudou, tudo passou a ser feito melhor, pensado melhor, tudo foi eliminado e substituído. deram-nos a liberdade para viajar, mas roubaram-nos a infância.
reencontrei-a em Portugal.
2007. os primeiros passos no Porto levaram-me a entrar numa destas lojas antigas, na altura bem recebidas, mas desde a crise já não visitadas da mesma forma. Lá estava ela, a minha infância, pela primera vez ví-a a cores, toquei cuidadosamente nos móveis antigos, nas paredes, lentamente comecei a respirar os cheiros que me eram tão familiar, tudo no seu lugar, há décadas, como se apenas tivesse estado à minha espera para me mostrar, vês, aqui a tua história continua, ela nunca acabou. estava escuro. o meu coraçao a ferver.
juntaram-se à minha as histórias dos outros, histórias de tempos remotos, de dias bons e de dias maus, da política, pois agora é assim, não há nada por fazer e,naturalmente, histórias da família. elas encheram o espaço, pareceu-me com se estivessem a falar confusos, todos ao mesmo tempo: as mãos as mesas, as janelas, agendas antigas, teias de aranha, fotografias amareladas, Maria e Jesus...tudo com vída. uma melancolía suave, amável e agredável.
Parem, pedi aos relógíos, parem e deixem ficar tudo como está.
se deus quiser!
reencontrei-a em Portugal.
2007. os primeiros passos no Porto levaram-me a entrar numa destas lojas antigas, na altura bem recebidas, mas desde a crise já não visitadas da mesma forma. Lá estava ela, a minha infância, pela primera vez ví-a a cores, toquei cuidadosamente nos móveis antigos, nas paredes, lentamente comecei a respirar os cheiros que me eram tão familiar, tudo no seu lugar, há décadas, como se apenas tivesse estado à minha espera para me mostrar, vês, aqui a tua história continua, ela nunca acabou. estava escuro. o meu coraçao a ferver.
juntaram-se à minha as histórias dos outros, histórias de tempos remotos, de dias bons e de dias maus, da política, pois agora é assim, não há nada por fazer e,naturalmente, histórias da família. elas encheram o espaço, pareceu-me com se estivessem a falar confusos, todos ao mesmo tempo: as mãos as mesas, as janelas, agendas antigas, teias de aranha, fotografias amareladas, Maria e Jesus...tudo com vída. uma melancolía suave, amável e agredável.
Parem, pedi aos relógíos, parem e deixem ficar tudo como está.
se deus quiser!
ich bin 1975 in der DDR geboren. als die pubertät kam, ging die DDR und meine neue heimat hieß BRD. schnell war alles anders, besser gemacht und gedacht, abgeschafft und erneuert. man gab uns die freiheit zu reisen und räumte die sachen meiner kindheit weg.
in Portugal fand ich sie wieder.
2007. der erste schritt in Porto führte mich in eine dieser alten läden, die damals angesehen, aber seit shoppingcenter und krise nicht mehr im gleichen rhythmus betreten wurden.
da war sie, meine kindheit, ich sah sie das erste mal in farbe, berührte vorsichtig die alten möbel, die wände, ich atmete langsam den mir vertrauten geruch ein, alles hatte seinen platz, seit jahrzehnten, als hatte es nur auf mich gewartet, um mir zu zeigen, so, hier geht deine geschichte weiter, sie war nie zu ende. es war dunkel und mein herz glühte.
zu meiner geschichte gesellten sich die anderen der ladenbesitzer, die von der zerflossenen zeit, von den guten und schlechten tagen, von politik, dass es nun mal so ist, wie es ist und natürlich von der familie. sie füllten den raum, alles schien durcheinander zu reden, die Hände, die tische, die fenster, alte terminkalender, spinnenweben, vergilbte fotos, Maria und Jesus...nichts hatte an leben verloren. eine leichte melancholie, liebenswert und wohltuend.
bleibt stehen, bat ich die uhren, bleibt stehen und lasst alles so, wie es ist. se deus quiser - so Gott es will!
in Portugal fand ich sie wieder.
2007. der erste schritt in Porto führte mich in eine dieser alten läden, die damals angesehen, aber seit shoppingcenter und krise nicht mehr im gleichen rhythmus betreten wurden.
da war sie, meine kindheit, ich sah sie das erste mal in farbe, berührte vorsichtig die alten möbel, die wände, ich atmete langsam den mir vertrauten geruch ein, alles hatte seinen platz, seit jahrzehnten, als hatte es nur auf mich gewartet, um mir zu zeigen, so, hier geht deine geschichte weiter, sie war nie zu ende. es war dunkel und mein herz glühte.
zu meiner geschichte gesellten sich die anderen der ladenbesitzer, die von der zerflossenen zeit, von den guten und schlechten tagen, von politik, dass es nun mal so ist, wie es ist und natürlich von der familie. sie füllten den raum, alles schien durcheinander zu reden, die Hände, die tische, die fenster, alte terminkalender, spinnenweben, vergilbte fotos, Maria und Jesus...nichts hatte an leben verloren. eine leichte melancholie, liebenswert und wohltuend.
bleibt stehen, bat ich die uhren, bleibt stehen und lasst alles so, wie es ist. se deus quiser - so Gott es will!